domingo, 4 de janeiro de 2009

primeiro

quando ele fechou a última caixa, teve uma certeza: encerrou ali um tempo, seu passado.
quando seus olhos tocaram todas aquelas caixas repletas de passados, teve vontade de gritar.
não gritou. chorou em silêncio como todos aqueles que reconhecem a perspectiva de um novo tempo e a dor dessa passagem.
sorriu em seguida. olhou pela última vez o céu que o sempre iluminou e choveu naquela janela. trancou-a. se despediu do cômodo que o tornara mais feliz. e ao trancar a porta, engoliu a chave, para terminar, finalmente, a digestão do tempo.
abriu o portão que o levava para a rua e sorriu: um novo vento soprava nos seus cabelos e arejavam seus sonhos mais ternos. uma vontade súbita de correr rompeu seu peito guiando os pés frenéticos entre ruas infinitamente desconhecidas.

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