sexta-feira, 7 de junho de 2013

dois

Caminhavam em direções opostas na beira da praia. 
Era o entardecer nos corpos. Hora vazia dos que restam solitários.
Quando o lusco fusco era o que lhes contornava, se encontraram nos olhos. 
E se acenderam. E se desejaram como velhos amantes que retornam ao gosto do reconhecimento do corpo que já se sabe ser amado.
Se aproximaram felinos. Tocando a miúdos,  mas só de inicio. Só de início mesmo, porque as mãos pesaram, atravessando as peles,  amassando carnes,  esquentando almas.
Dedos percorreram, mãos traçaram caminhos, línguas confirmaram gostos salgados,
e bocas se convidaram para mergulhos nos escuros úmidos de cada um. Em saltos triplos e mortais se lançaram nestes mergulhos...
Se roçavam, entre abraços e apertos...
Se penetraram em exploração íntima e bailante. E assim dançaram...
(Ao som da música silenciosa dos encontros suspensos)
Dançaram, dançaaaarammm, dançaram... Dançaram. Dançaram. Dançaram.
Dançaram até não se caberem mais e inundaram-se de felicidade.
Se acolheram nos corpos ainda tontos. Se levantaram.
Se olharam felizes, beijaram cúmplices e se deram as mãos.

Aqueles dois homens saíram juntos daquela praia.
Na mesma direção.


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